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    domingo, novembro 12

    Cisco Kid

    Segunda-feira, primeiro dia útil de Horário de Verão, indo para casa lá pelas 18h, ainda dia claro, bate uma ventania no ponto do ônibus. Logo sinto que caiu algo dentro do meu olho. Em poucos segundos, aquilo já incomodava imensamente, a ponto de não me deixar abrir o olho.

    Esfrego, esfrego, esfrego, suavemente, em vão. Não melhora. Pisco, pisco, pisco, em vão. Nada de conseguir abrir o olho esquerdo. Começa a doer. A doer bastante. Irritada, aviso para uma colega do trabalho que preciso verificar o que está no meu olho e rumo para o Uno&Due ali da Mem de Sá, que tem uma pia limpinha, com um espelho enorme.

    Invado a loja, direto para os fundos, onde estão os banheiros. A pia é comum aos dois e fica visível para o salão de mesas. Percebi, vagamente, que apenas duas estavam ocupadas.

    Na frente do espelho, arregalo o olho esquerdo com a ajuda do indicador e do polegar. Lá estava ele, o Cisco Kid. Pude vê-lo, enorme para um cisco, grudado bem na menina-dos-olhos...

    Jogo água, jogo águua, jogo água. E nada. Tá ele ali, imóvel. Esfrego um pouco mais. Nada acontece. O infeliz nem se move. Começo a ficar nervosa. Acho que pensei "será que nunca mais conseguirei tirar esse bicho do meu olho?"... Involuntariamente, levo a unha, que já está bem crescidinha, para dentro do olho. Mas o movimento pára a tempo. "E se eu arranho essa porra toda com cisco, unha e tudo mais?!" Começo a suar e vejo que o "quadro" não é bom. Lembro, então, da oração a Santa Luzia que minha avó ensinou:

    — Santa Luzia passou por aqui, com seu cavalinho comendo capim; Santa Luzia passou por aqui, com seu cavalinho comendo capim; Santa Luzia passou por aqui, com seu cavalinho comento capim...

    Nada. Tá lá o corpo. No mesmo lugar. É aí que sinto um zumbido no olho e aquela sensação de que o anjo da guarda tá vazando...

    "Vou cair", pensei, prestes a desmaiar...

    Lutando contra aquilo, me obrigo a pensar que sou mais forte que Cisco Kid. "Sou resistente à dor, sou resistente à dor, sou resistente à dor". Nossa, como dói...

    Cambaleante, me dirijo a uma das mesas para sentar e tentar me acalmar. "Vou ligar pro jornal", penso, mas àquela altura ninguém deveria estar mais na redação. Uma moça, que ocupava uma das mesas, se dirige a mim:

    — Você está passando mal? Precisa de ajuda?

    Já sentada, achei que ficaria bem...

    — Me senti mal, mas já está passando...
    — Tem certeza? Quer que peça alguma coisa; uma água, um café?...
    — Não, não, já melhorei, obrigada...

    Foi embora. Percebi que só a MINHA mesa estava ocupada. E foi a moça virar as costas pra um novo zumbido invadir meus ouvidos. Agora eu ia apagar MESMO...

    Quase desesperada, já com a cabeça pesadona e sem muito controle motor, cato Darth Vader dentro da bolsa:

    — Alô!
    — Amor, já tá saindo???
    — Mais ou menos; ainda tem umas coisas para fazer...
    — Sabe o que é, acho que vou desmaiar... Caiu um troço no meu olho; não consigo tirar e agora estou passando mal...
    — Onde você tá? Vou praí agora...
    ****
    Bom, resumindo, Cisco Kid me derrubou mesmo. Apaguei, sentadinha numa das mesas do Uno&Due.

    Pelo menos parece que sim, porque só percebi que Darth vader tentava me chamar algum tempo depois, enquanto lutava contra o "sono" e tentava me concentrar em controlar aquele zumbido nos ouvidos.

    Tinha três ligações perdidas...
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    Item Reviewed: Cisco Kid Rating: 5 Reviewed By: Debora
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