Digeri o fracasso. Tô vomitando as conclusões aqui. A primeira delas é que eu, que queria guardar essa medalha por um motivo, vou pendurá-la sozinha, separada, ao alcance da minha visão, para nunca mais esquecer tudo o que senti. Acho que ela será mais importante do que as outras.
Passei de um treino horrível para um dos melhores treinos dos últimos tempos em apenas uma semana. Isso me deixou motivada, animada e confiante. Talvez, confiante até demais. Devo ter superestimado a vida, porque, mesmo com tudo isso, um clima perfeito para mim e o primeiro quilômetro dentro do planejado, levei uma rasteira danada.
Logo de cara, achei que estavam me pregando uma peça e que eu sofreria cólicas intestinais em mais uma corrida. Começou assim que passei do primeiro quilômetro. Achei que era sacanagem. O tempo estava perfeito, em todos os sentidos. Decidi ignorar. Com a garrafinha de água na mão, pensei que estava gelando porque o staff da corrida era muito eficiente. Nada. A mão que estava vazia também gelava. Percebi outra coisa: aquele rebuliço no baixo-ventre estava diferente do que tinha acontecido na corrida anterior. Estava muito ofegante, mas mal havia começado a correr. Foi aí que veio aquela pontada lancinante. Dei uma contorcida e parei de correr; mais uns passos e parei de vez. Na dúvida entre voltar, atravessar a rua e pegar um ônibus ou ligar para alguém, olhei em volta. Procurava a ambulância, mas ela só está perto quando não quero nada com ela.
Sério, achei que fosse desmaiar. Sentei no meio-fio e resolvi esperar. Controlei a respiração, massageei a barriga, molhei o rosto com a água fria, bebi uns goles e fiz umas contas rápidas. Estava adiantado, mas aquilo era cólica menstrual. Tive isso só mais uma ou duas vezes na vida. Mas só podia ser. Era mesmo.
Quando Márcio e Isabel se aproximavam do meu campo de visão, eu já estava bem melhor. Pelo menos não parecia mais que estavam enfiando uma lâmina afiada pelo meu umbigo. Fui em direção a eles, que levaram um susto, mas pensaram que fosse alguma coisa com o joelho. O resto do percurso fizemos juntos, passeando, como disseram.
O medo de apagar sozinha ali no Aterro foi maior. Mas a frustração não deu mole nem para a dor que eu senti naquela hora. O primeiro pensamento foi de derrota total. Fracasso, véi. O segundo foi de largar essa porra toda pra lá. Parar de querer ser engraçada, afinal, não nasci para ser atleta. Um treino perfeito todinho jogado no lixo. O impulso foi doar a medalha. Mas deixei a bicha escondida dentro da bolsa. Nem queria olhar para ela. De marca da minha frustração, ela vai virar emblema da minha resiliência. Anotem isso!
Ainda perambulei um pouco ali no Aterro. Tinha que pegar minhas coisas na assessoria da Isabel. Mas acabei não indo ao almoço que estava programado. Também não fui ver o Waltinho no hospital. Foi banho, comida e cama. Bateu uma depressão. Estava com a barriga toda dolorida. Respirava e doía. Queria dormir. Queria sumir. Não liguei pro treinador. Fiquei um tempão pensando em como relatar aquela corrida totalmente inglória. Mandei um torpedo, explicando por alto o que acontecera. Ele mandou que eu ligasse. Ignorei para poupá-lo do constrangimento. Se ligasse, fatalmente eu choraria ao telefone.
Hoje estou melhor. Pensei bem. Avaliei. Fiz uma nota mental das falhas. Aprendi. Encarei como um recado. Devo mesmo estar exagerando algumas coisas. Corro para ser feliz. Aprendi a amar esse troço. Não interessa eu não ser muito rápida, não ter uma evolução como a dos outros. Não interessa. Tudo a seu tempo. Tudo como deve ser. Vamos reinventar esse negócio todo. Vai dar certo...
Vou ligar pro treinador. Sem chorar!
Passei de um treino horrível para um dos melhores treinos dos últimos tempos em apenas uma semana. Isso me deixou motivada, animada e confiante. Talvez, confiante até demais. Devo ter superestimado a vida, porque, mesmo com tudo isso, um clima perfeito para mim e o primeiro quilômetro dentro do planejado, levei uma rasteira danada.
Logo de cara, achei que estavam me pregando uma peça e que eu sofreria cólicas intestinais em mais uma corrida. Começou assim que passei do primeiro quilômetro. Achei que era sacanagem. O tempo estava perfeito, em todos os sentidos. Decidi ignorar. Com a garrafinha de água na mão, pensei que estava gelando porque o staff da corrida era muito eficiente. Nada. A mão que estava vazia também gelava. Percebi outra coisa: aquele rebuliço no baixo-ventre estava diferente do que tinha acontecido na corrida anterior. Estava muito ofegante, mas mal havia começado a correr. Foi aí que veio aquela pontada lancinante. Dei uma contorcida e parei de correr; mais uns passos e parei de vez. Na dúvida entre voltar, atravessar a rua e pegar um ônibus ou ligar para alguém, olhei em volta. Procurava a ambulância, mas ela só está perto quando não quero nada com ela.
Sério, achei que fosse desmaiar. Sentei no meio-fio e resolvi esperar. Controlei a respiração, massageei a barriga, molhei o rosto com a água fria, bebi uns goles e fiz umas contas rápidas. Estava adiantado, mas aquilo era cólica menstrual. Tive isso só mais uma ou duas vezes na vida. Mas só podia ser. Era mesmo.
Quando Márcio e Isabel se aproximavam do meu campo de visão, eu já estava bem melhor. Pelo menos não parecia mais que estavam enfiando uma lâmina afiada pelo meu umbigo. Fui em direção a eles, que levaram um susto, mas pensaram que fosse alguma coisa com o joelho. O resto do percurso fizemos juntos, passeando, como disseram.
O medo de apagar sozinha ali no Aterro foi maior. Mas a frustração não deu mole nem para a dor que eu senti naquela hora. O primeiro pensamento foi de derrota total. Fracasso, véi. O segundo foi de largar essa porra toda pra lá. Parar de querer ser engraçada, afinal, não nasci para ser atleta. Um treino perfeito todinho jogado no lixo. O impulso foi doar a medalha. Mas deixei a bicha escondida dentro da bolsa. Nem queria olhar para ela. De marca da minha frustração, ela vai virar emblema da minha resiliência. Anotem isso!
Ainda perambulei um pouco ali no Aterro. Tinha que pegar minhas coisas na assessoria da Isabel. Mas acabei não indo ao almoço que estava programado. Também não fui ver o Waltinho no hospital. Foi banho, comida e cama. Bateu uma depressão. Estava com a barriga toda dolorida. Respirava e doía. Queria dormir. Queria sumir. Não liguei pro treinador. Fiquei um tempão pensando em como relatar aquela corrida totalmente inglória. Mandei um torpedo, explicando por alto o que acontecera. Ele mandou que eu ligasse. Ignorei para poupá-lo do constrangimento. Se ligasse, fatalmente eu choraria ao telefone.
Hoje estou melhor. Pensei bem. Avaliei. Fiz uma nota mental das falhas. Aprendi. Encarei como um recado. Devo mesmo estar exagerando algumas coisas. Corro para ser feliz. Aprendi a amar esse troço. Não interessa eu não ser muito rápida, não ter uma evolução como a dos outros. Não interessa. Tudo a seu tempo. Tudo como deve ser. Vamos reinventar esse negócio todo. Vai dar certo...
Vou ligar pro treinador. Sem chorar!
2 comentários:
Não vou falar proc não ficar assim pq ja passei por situação parecida e nada do que falem melhora a sensação de "não consegui". Mas levanta essa cabeça pq dias, treinos e corridas melhores virão!
Grande beijo e bons treinos.
Bola para frente. Estamos com vc!!!!!! Dias melhores virão...
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