Chegamos em Vitória às 8h40 da manhã de sábado. Na sexta, fui dormir meio tarde, porque o Márcio ficou no vou-não-vou até os 48 do segundo tempo. Bem, ele não foi, o que me desgastou um pouco, por motivos óbvios. Fui sozinha, e isso me deixa tensa. A sorte é que duas das minhas queridas amigas do twitter - @alinemartinelli e @ines_rj - iriam no mesmo voo. Ida e volta com boas companhias, graça ao bom Deus.
Pisei em terras capixabas com o tempo feio, nublado, até um pouco frio. Um amigo da Inês foi nos buscar no aeroporto. Ele seria nosso guia naquele dia e meio entre Vitória e Vila Velha. Deixamos nossas coisas no hotel, no quarto da Isabel; nem check-in fizemos porque estava cedo demais. Partimos para pegar os kits e emendamos com uma turistada básica nos lerês das duas cidades. O combinado era estar no hotel às 18h30, porque eu e o filho da Isabel queríamos assistir ao jogo. Depois, jantar de massas oficial das 10 Milhas Garoto, em Vila Velha, e então retorno a Vitória para dormir. A largada seria às 9h.
O que surpreendeu foi que em coisa de dez minutos de uma subida ao quarto, o céu abriu. Clareou e esquentou. Passeamos a tarde toda debaixo de sol. Já seria um prenúncio do que enfrentaria no dia seguinte. Esperava uma temperatura amena. Mas eu nunca corro no frio, é impressionante! A reboque, ver o jogo no quarto do hotel virou ver o jogo dentro de um bar no Triângulo das Bermudas (com direito a mico na hora do gol, porque fui o único ser humano que pulou dentro do boteco), o jantar de massas virou um sanduba, porque ficou tarde para ir para Vila Velha e voltar de novo para Vitória. Lá pelas 22h já estava pronta para dormir. Devo ter pego no sono uma meia hora depois, o que é incrível. Só não supera o fato de eu ter sido a primeira do grupo a despontar no saguão do hotel para o café da manhã. Às 7 horas em ponto!
Talvez o fato de ser tenso dormir sozinha com hora para acordar explique...
Chegamos na Praia de Camburi, perto do hotel, por volta das 8 horas. Encontra um, uma foto ali, encontra outro, outra foto aqui, manda as coisas pro guada-volumes, é dada a largada! Cada um por si e cada qual com seu planejamento. Os primeiros quatro quilômetros, da largada até o início da terceira ponte, segundo a estratégia montada durante o café da manhã vendo VT do jogo do Mengão, eu poderia correr. A ponte já começa subindo, e é uma subida íngreme, conforme meu joelho informou logo nos primeiros passos. Eu sabia que deveria encarar essa primeira etapa da corrida com calma. Não esperava ter uma ajudinha bem bacana do pelotão dos bombeiros e da polícia militar do Espírito Santo. Acompanhei o pace mega confortável do grupo; uma hora à frente, outra misturada a eles, às vezes só seguindo.
Começou a subir, comecei a andar. Logo, perdi o pelotão amigo de vista. Foram dois quilômetros andando calmamente. O joelho sentiu um pouco quando tentei forçar, ir mais rápido. Tive de segurar. Ficamos assim, com direito a muitas fotos... rsrsrs...
Incomodada com o sol, já sentia meus olhos arderem. Nem os óculos estavam dando conta do recado. Mas era uma coisa diferente daqui do calor do Rio. Eu não bufafa e suava desesperadamente. Mas cansava. E incomodava pra caramba, como se o sol estivesse refletindo em tudo. Uma claridade bem estranha. Passei pela placa que abria o quilômetro 7 determinada a correr sério. Estava começando a descida da ponte, o que foi bem cômodo. Mas só segurei correr mais seis. No fim do quilômetro 10, já não sentia mais o meu dedão direito. No 12, não sentia os pés. Tinha uma curva com uma placa que dizia: Praia da Sereia. Fez todo sentido, porque serias não têm pés, né.
Precisei maneirar muito. Fiquei com as pernas pesadas naquela altura. Já tinha rompido a barreira dos 10k, que até agora não foram fáceis, e dali para frente era tudo muito desconhecido para mim. Os dois quilômetros seguinte foi andando e correndo, andando e correndo. Achei melhor guardar forças para o final.
Coincidência ou não, Bono Vox cantava no meu ouvido "1, 2 3... 14". E era verdade; 14 quilômetros tinham ido embora. Era hora de voltar a correr, mesmo que não fosse uma corrida de verdade, mas um trote bem pior que do início da carreira. Fazer o quê. Eu que inventei essa moda... Cheguei ao final seguindo o cheiro do chocolate, como incentivava uma das placas do marketing da corrida.
Entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Apesar da hora insana de largada, a corrida foi bem organizada. Simples, mas bem organizada. Os postos de hidratação estavam lá, direitinho, com água quente e gelada, a escolher, a cada dois quilômetros. No fim da ponte, um morador aspergia água refrescante sobre os corredores com uma mangueira. Aconteceu a mesma coisa lá pelo quilômetro 14, já no Centro de Vila Velha, debaixo de um sol perto das 11 da manhã.
Foi o percurso todo com gente aplaudindo ou só olhando. Os mais animados e as crianças gritavam os nomes dos corredores, impressos no número de peito. Várias vezes ouvi um "Vamo lá, Débora", "Bora, Débora!", Parabéns, Débora!" em pontos diferentes dos 16 quilômetros. Muito engraçado isso. Dizem que falam os nomes dos que chegam mais, digamos, espaçadamente, lá pro fim da corrida. Tipo eu. Precavida, aumentei o som. Tocava Live and let die no iPod.
Quando apertei o botão do meu Polar pela última vez, marcava 16 laps a 2:27:37, com frequência cardíaca média de 84%. Agradeci a companhia e prometi que o próximo a usá-lo faria bom proveito dele também.
Pisei em terras capixabas com o tempo feio, nublado, até um pouco frio. Um amigo da Inês foi nos buscar no aeroporto. Ele seria nosso guia naquele dia e meio entre Vitória e Vila Velha. Deixamos nossas coisas no hotel, no quarto da Isabel; nem check-in fizemos porque estava cedo demais. Partimos para pegar os kits e emendamos com uma turistada básica nos lerês das duas cidades. O combinado era estar no hotel às 18h30, porque eu e o filho da Isabel queríamos assistir ao jogo. Depois, jantar de massas oficial das 10 Milhas Garoto, em Vila Velha, e então retorno a Vitória para dormir. A largada seria às 9h.
O que surpreendeu foi que em coisa de dez minutos de uma subida ao quarto, o céu abriu. Clareou e esquentou. Passeamos a tarde toda debaixo de sol. Já seria um prenúncio do que enfrentaria no dia seguinte. Esperava uma temperatura amena. Mas eu nunca corro no frio, é impressionante! A reboque, ver o jogo no quarto do hotel virou ver o jogo dentro de um bar no Triângulo das Bermudas (com direito a mico na hora do gol, porque fui o único ser humano que pulou dentro do boteco), o jantar de massas virou um sanduba, porque ficou tarde para ir para Vila Velha e voltar de novo para Vitória. Lá pelas 22h já estava pronta para dormir. Devo ter pego no sono uma meia hora depois, o que é incrível. Só não supera o fato de eu ter sido a primeira do grupo a despontar no saguão do hotel para o café da manhã. Às 7 horas em ponto!
Talvez o fato de ser tenso dormir sozinha com hora para acordar explique...
Chegamos na Praia de Camburi, perto do hotel, por volta das 8 horas. Encontra um, uma foto ali, encontra outro, outra foto aqui, manda as coisas pro guada-volumes, é dada a largada! Cada um por si e cada qual com seu planejamento. Os primeiros quatro quilômetros, da largada até o início da terceira ponte, segundo a estratégia montada durante o café da manhã vendo VT do jogo do Mengão, eu poderia correr. A ponte já começa subindo, e é uma subida íngreme, conforme meu joelho informou logo nos primeiros passos. Eu sabia que deveria encarar essa primeira etapa da corrida com calma. Não esperava ter uma ajudinha bem bacana do pelotão dos bombeiros e da polícia militar do Espírito Santo. Acompanhei o pace mega confortável do grupo; uma hora à frente, outra misturada a eles, às vezes só seguindo.
Começou a subir, comecei a andar. Logo, perdi o pelotão amigo de vista. Foram dois quilômetros andando calmamente. O joelho sentiu um pouco quando tentei forçar, ir mais rápido. Tive de segurar. Ficamos assim, com direito a muitas fotos... rsrsrs...
Incomodada com o sol, já sentia meus olhos arderem. Nem os óculos estavam dando conta do recado. Mas era uma coisa diferente daqui do calor do Rio. Eu não bufafa e suava desesperadamente. Mas cansava. E incomodava pra caramba, como se o sol estivesse refletindo em tudo. Uma claridade bem estranha. Passei pela placa que abria o quilômetro 7 determinada a correr sério. Estava começando a descida da ponte, o que foi bem cômodo. Mas só segurei correr mais seis. No fim do quilômetro 10, já não sentia mais o meu dedão direito. No 12, não sentia os pés. Tinha uma curva com uma placa que dizia: Praia da Sereia. Fez todo sentido, porque serias não têm pés, né.
Precisei maneirar muito. Fiquei com as pernas pesadas naquela altura. Já tinha rompido a barreira dos 10k, que até agora não foram fáceis, e dali para frente era tudo muito desconhecido para mim. Os dois quilômetros seguinte foi andando e correndo, andando e correndo. Achei melhor guardar forças para o final.
Coincidência ou não, Bono Vox cantava no meu ouvido "1, 2 3... 14". E era verdade; 14 quilômetros tinham ido embora. Era hora de voltar a correr, mesmo que não fosse uma corrida de verdade, mas um trote bem pior que do início da carreira. Fazer o quê. Eu que inventei essa moda... Cheguei ao final seguindo o cheiro do chocolate, como incentivava uma das placas do marketing da corrida.
Entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Apesar da hora insana de largada, a corrida foi bem organizada. Simples, mas bem organizada. Os postos de hidratação estavam lá, direitinho, com água quente e gelada, a escolher, a cada dois quilômetros. No fim da ponte, um morador aspergia água refrescante sobre os corredores com uma mangueira. Aconteceu a mesma coisa lá pelo quilômetro 14, já no Centro de Vila Velha, debaixo de um sol perto das 11 da manhã.
Foi o percurso todo com gente aplaudindo ou só olhando. Os mais animados e as crianças gritavam os nomes dos corredores, impressos no número de peito. Várias vezes ouvi um "Vamo lá, Débora", "Bora, Débora!", Parabéns, Débora!" em pontos diferentes dos 16 quilômetros. Muito engraçado isso. Dizem que falam os nomes dos que chegam mais, digamos, espaçadamente, lá pro fim da corrida. Tipo eu. Precavida, aumentei o som. Tocava Live and let die no iPod.
Quando apertei o botão do meu Polar pela última vez, marcava 16 laps a 2:27:37, com frequência cardíaca média de 84%. Agradeci a companhia e prometi que o próximo a usá-lo faria bom proveito dele também.
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