Sem medo de errar: Maria Rita vive a melhor fase de sua vida, atualmente. Disse vida, e não profissional. Neste caso, nem se fala. Radicada no Rio de Janeiro há seis meses, a cantora paulista estreou, na sexta, em plena Lapa, o repertório de seu mais recente CD, Samba meu. Nem a acústica ruim da Fundição Progresso, lotadíssima de fãs, atrapalhou o show — a filha de Elis Regina e César Camargo Mariano superou qualquer problema que pudesse sobressair com muita emoção e simpatia.
De top lilás e amarelo bordado de paetês e uma saia estilo cabrocha fashion rosa choque, Maria Rita abriu o show com uma dobradinha um pouco óbvia, a música-título Samba meu e A festa, e levou no gogó afinadíssimo o tema da novela global Duas caras, Tá perdoado, Maria do Socorro, Casa de Noca e Maltratar não é direito, entre as novas. Depois, emendou sucessos dos discos anteriores: Encontros e despedidas (da trilha de outra novela), Veja meu bem e Cara valente.
Visivelmente emocionada desde os primeiros passos no palco, Maria Rita chegou a parar de cantar Caminho das águas, música de Rodrigo Maranhão presente no repertório de Segundo. Sem conseguir segurar as lágrimas, a cantora, que interpreta com veemência semelhante à da mãe, Elis — perdão pela insistência, mas é inevitável —, foi prontamente salva pela platéia, que segurou as pontas para a estrela.
Na segunda parte do show, a bordo de um tubinho verde metálico de paetês, Maria Rita brilhou ainda mais, em todos os sentidos. Esbanjou simpatia, mostrou que tem samba no pé, agradeceu a receptividade da comunidade do samba ao seu disco e se despediu da platéia, depois de um bis de verdade — repetiu as melhores do set list, Tá perdoado, Cara valente e Corpitcho. Enfim, reinou, poderosa, ao lado de seu staff musical, formado por feras como o bandolinista Marcio Almeida, o violonista Tuca Alves, além do sambista e produtor Leandro Sapucahy, seu "atual", que divide a percussão com Neni Brown, cuja performance cheia de saúde pude presenciar num momento muito mais intimista, em show da amiga e cantora Claudia Holanda.
Para fechar esta quase matéria, a letra de Corpitcho, de Ronaldo Barcellos e Picolé, que, na minha opinião, é a síntese perfeita dessa nova fase da sarada e bronzeada Maria Rita. Com certeza, voltarei a assistir novas apresentações da cantora aqui no Rio!
Juro que tentei mudar
Para algum lugar longe daqui
Pra Quixeramobim, Paraty, Paquetá
Niquiti, Guarujá, Magé, Jericoacoara
Mas eu resolvi voltar
Não adiantou nada fugir
O mundo é que mudou
O mal globalizou
O bicho tá pegando
E é a guerra das desigualdades
A humanidade lavando a roupa
Oportunidade não cruza o Rebouças
É muito louca a vida por aqui
Fim de semana eu viro batuqueira
Pego o meu pandeiro
Vou pra Madureira
pro meu glorioso Império Serrano
Que vai ganhar e subir esse ano
Pra manter esse corpitcho bacana
Acho até que vou virar marombeira
Corro o calçadão de Copacabana
De segunda a sexta-feira
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