Mesmo quem nunca leu Franz Kafka sabe alguma coisa sobre o tal universo kafkiano, incorporado ao senso comum. Na última sexta, Tuca Andrada entrou em cartaz com uma adaptação para o clássico O processo, no Teatro Maison de France. Fui conferir no sábado, em platéia que tinha presença da global Arlete Sales metida num figurino que poderia ser de sua personagem em Toma lá, dá cá.
Vou confessar: nunca li O processo. Aliás, nunca li Kafka. O mais próximo que cheguei do universo kafkiano foi ouvindo Inimigos do Rei. Talvez por isso, apesar do bom elenco e da montagem interessante, que lança mão de recursos sutis — o táxi é impagável — na produção e no cenário, não tenha achado o espetáculo acessível. Nem financeira e, tampouco, intelectualmente.
Quem leu o livro pode achar a peça maravilhosa...
Eu saí do teatro com uma boa impressão, mas me achando meio burra. Isso sempre me acontece nessas peças-cabeça. Nada sério, muito menos irremediável, se nem o cinema fez a grande massa compreender kafka... Vai ver, tem mesmo é que ler. Isso já providenciei — O processo passou a colaborar para o peso extra na minha bolsinha discreta desde ontem.
Pelo que pude perceber até agora, a montagem é mesmo fiel ao livro. Conta a história de Josef K., um alto funcionário de um banco que acorda na manhã de seu 30º aniversário, é detido na pensão onde reside e sujeito a um longo e incompreensível processo por um crime que desconhece. Qual é sua culpa? Kafka não diz, isso eu já sei.
Embora um olhar menos atento identifique vários erros em todo o romance — discute com os guardas, responde ao inspetor, recusa-se a fornecer informações ao juiz, não reconhece a autoridade dos mais velhos, investe sobre as mulheres alheias —, K. comete uma só falta: a desobediência. Daí seu destino trágico, que também já conheço.
Na Bíblia, a desobediência é pior que um crime — é pecado.
Freud explica que toda civilização pressupõe a repressão dos instintos: os desejos individuais devem ser subordinados à promoção do bem comum. Sem o respeito à autoridade, a sociedade desapareceria.
É... A vida é assim mesmo, uma espera inútil: o homem nunca alcançará a justiça que almeja.
Vou confessar: nunca li O processo. Aliás, nunca li Kafka. O mais próximo que cheguei do universo kafkiano foi ouvindo Inimigos do Rei. Talvez por isso, apesar do bom elenco e da montagem interessante, que lança mão de recursos sutis — o táxi é impagável — na produção e no cenário, não tenha achado o espetáculo acessível. Nem financeira e, tampouco, intelectualmente.
Quem leu o livro pode achar a peça maravilhosa...
Eu saí do teatro com uma boa impressão, mas me achando meio burra. Isso sempre me acontece nessas peças-cabeça. Nada sério, muito menos irremediável, se nem o cinema fez a grande massa compreender kafka... Vai ver, tem mesmo é que ler. Isso já providenciei — O processo passou a colaborar para o peso extra na minha bolsinha discreta desde ontem.
Pelo que pude perceber até agora, a montagem é mesmo fiel ao livro. Conta a história de Josef K., um alto funcionário de um banco que acorda na manhã de seu 30º aniversário, é detido na pensão onde reside e sujeito a um longo e incompreensível processo por um crime que desconhece. Qual é sua culpa? Kafka não diz, isso eu já sei.
Embora um olhar menos atento identifique vários erros em todo o romance — discute com os guardas, responde ao inspetor, recusa-se a fornecer informações ao juiz, não reconhece a autoridade dos mais velhos, investe sobre as mulheres alheias —, K. comete uma só falta: a desobediência. Daí seu destino trágico, que também já conheço.
Na Bíblia, a desobediência é pior que um crime — é pecado.
Freud explica que toda civilização pressupõe a repressão dos instintos: os desejos individuais devem ser subordinados à promoção do bem comum. Sem o respeito à autoridade, a sociedade desapareceria.
É... A vida é assim mesmo, uma espera inútil: o homem nunca alcançará a justiça que almeja.
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