Hoje é dia que deveria ser só de alegia. Mas começou estranho, muito estranho. Primeiro, por causa da chuva - e eu detesto sair de casa com muita água caindo do céu. Depois, pelas pessoas que insistem em cruzar nosso caminho com o objetivo de estragar o dia alheio logo cedo....
Peguei meu ônibus no ponto de costume. Duas paradas depois entra uma mulher que, apesar de o coletivo estar vazio, sentou-se ao meu lado, já com um papo esquisito:
- Gosto de sentar no banco alto...
Vi, de relance, que ela não era velha, mas também não tinha mais idade para estar com aquela blusa de colégio público estadual. Enfim... Ignorei. Detesto papos em ônibus. Principalmente em dias chuvosos.
Chovia. Pouco, mas chovia. Todas as janelas fechadas. A minha tinha aquela 'brechinha' básica aberta para 'renovar o ar'. Não demora muito, uma dupla mais esquisita ainda entra pela porta de trás. Eu estava na janela e a maluca, no corredor. Era o banco alto, lembra?. Atrás de nós, a porta onde os caras 'estacionaram'.
Dois minutos depois, a mulher, já se abanando com uma revista ou coisa que o valha, vira-se pra mim e fala, com todas estas letras, num tom imperativo e uns decibéis acima do aceitável:
- Dá pra abrir essa janela aí pra mim, ó!
Sem me virar, respondo, simplesmente:
- Dá, não.
A mulher fica com a voz esganiçada e ainda mais alta:
- Quê?!
Não entendi a surpresa. Na verdade, era a única resposta audível que ela poderia receber. Outra opção seria a do meu completo silêncio, acompanhado da ação de abrir a tal da janela. Olhei em volta. O ônibus continuava relativamente vazio, com vários lugares para ela sentar, inclusive à janela, podendo escancarar uma delas à vontade. Foi aí que ela meteu a mão na porra da janela, abriu a dita cuja e começou a discursar...
- Como não vai abrir a janela? Mas eu estou com calor!... e tô grávida!!!!
[Vamos abrir um colchete aqui. Parênteses é pouco. Não é a primeira vez que presencio uma confusão em ônibus por causa de janela. É a primeira vez que acontece comigo, ok. Mas é uma dúvida reincidente esse negócio do controle da janela.
O assunto é complexo e delicado, ao meu ver. E, claro, para todo e qualquer assunto complexo e delicado, prevalece o bom senso para lidar com ele. A pergunta que não quer calar: a quem pertence o controle da janela no coletivo?
Deve, quem está sentado à janela, ter total autonomia? Ou a janela do alto é para quem está de pé? Ou, ainda, para quem está sentado no 'corredor'? Não há dúvidas, porém, que a janela 'janela', é de quem está à janela, se é que me fiz entender.
Pois bem... e se chove? A pessoa que está de pé não toma chuva, da mesma forma que não cai uma gota, sequer, sobre quem está sentado no 'corredor'... só quem está à janela. Então, não deveria, diante desse fato inegável, a pessoa que está à janela, passar a ter total controle sobre o manejo da mesma? Whatever... voltemos aos fatos!]
Confesso que pensei em responder com um "parabéns! é menino ou menina?" à pontuação (aquilo foi uma pontuação ou não foi?!) que me irritou profundamente. Tenho medo de gravidez, todo mundo que passa por aqui sabe disso; mas não acho que o estado seja uma doença para seu usada como justificativa para qualquer coisa, especialmente a de perturbar o juízo alheio...
Mas... para provar de uma vez por todas a minha condição zen total e irrestrita, para sublinhar aqui que sou uma pessoa tolerante, bondosa, compreensiva e, principalmente, para mostrar que devemos temer as 'ivones' que cruzam nosso caminho, troquei minha resposta medular por esta:
- Olha só, presta atenção! Vou fazer o que você deveria ter feito quando começou a sentir esse calorão súbito e deu vontade de tomar um banho de chuva apesar de estar aqui dentro do ônibus. Olha bem isso!
Levantei, pedi licença bem alto, porque as poucas pessoas dentro do ônibus já olhavam, curiosas, para o fundo do coletivo, saí dali do canto e sente em outro banco. Na janela, que mantive fechada durante todo o trajeto.
Peguei meu ônibus no ponto de costume. Duas paradas depois entra uma mulher que, apesar de o coletivo estar vazio, sentou-se ao meu lado, já com um papo esquisito:
- Gosto de sentar no banco alto...
Vi, de relance, que ela não era velha, mas também não tinha mais idade para estar com aquela blusa de colégio público estadual. Enfim... Ignorei. Detesto papos em ônibus. Principalmente em dias chuvosos.
Chovia. Pouco, mas chovia. Todas as janelas fechadas. A minha tinha aquela 'brechinha' básica aberta para 'renovar o ar'. Não demora muito, uma dupla mais esquisita ainda entra pela porta de trás. Eu estava na janela e a maluca, no corredor. Era o banco alto, lembra?. Atrás de nós, a porta onde os caras 'estacionaram'.
Dois minutos depois, a mulher, já se abanando com uma revista ou coisa que o valha, vira-se pra mim e fala, com todas estas letras, num tom imperativo e uns decibéis acima do aceitável:
- Dá pra abrir essa janela aí pra mim, ó!
Sem me virar, respondo, simplesmente:
- Dá, não.
A mulher fica com a voz esganiçada e ainda mais alta:
- Quê?!
Não entendi a surpresa. Na verdade, era a única resposta audível que ela poderia receber. Outra opção seria a do meu completo silêncio, acompanhado da ação de abrir a tal da janela. Olhei em volta. O ônibus continuava relativamente vazio, com vários lugares para ela sentar, inclusive à janela, podendo escancarar uma delas à vontade. Foi aí que ela meteu a mão na porra da janela, abriu a dita cuja e começou a discursar...
- Como não vai abrir a janela? Mas eu estou com calor!... e tô grávida!!!!
[Vamos abrir um colchete aqui. Parênteses é pouco. Não é a primeira vez que presencio uma confusão em ônibus por causa de janela. É a primeira vez que acontece comigo, ok. Mas é uma dúvida reincidente esse negócio do controle da janela.
O assunto é complexo e delicado, ao meu ver. E, claro, para todo e qualquer assunto complexo e delicado, prevalece o bom senso para lidar com ele. A pergunta que não quer calar: a quem pertence o controle da janela no coletivo?
Deve, quem está sentado à janela, ter total autonomia? Ou a janela do alto é para quem está de pé? Ou, ainda, para quem está sentado no 'corredor'? Não há dúvidas, porém, que a janela 'janela', é de quem está à janela, se é que me fiz entender.
Pois bem... e se chove? A pessoa que está de pé não toma chuva, da mesma forma que não cai uma gota, sequer, sobre quem está sentado no 'corredor'... só quem está à janela. Então, não deveria, diante desse fato inegável, a pessoa que está à janela, passar a ter total controle sobre o manejo da mesma? Whatever... voltemos aos fatos!]
Confesso que pensei em responder com um "parabéns! é menino ou menina?" à pontuação (aquilo foi uma pontuação ou não foi?!) que me irritou profundamente. Tenho medo de gravidez, todo mundo que passa por aqui sabe disso; mas não acho que o estado seja uma doença para seu usada como justificativa para qualquer coisa, especialmente a de perturbar o juízo alheio...
Mas... para provar de uma vez por todas a minha condição zen total e irrestrita, para sublinhar aqui que sou uma pessoa tolerante, bondosa, compreensiva e, principalmente, para mostrar que devemos temer as 'ivones' que cruzam nosso caminho, troquei minha resposta medular por esta:
- Olha só, presta atenção! Vou fazer o que você deveria ter feito quando começou a sentir esse calorão súbito e deu vontade de tomar um banho de chuva apesar de estar aqui dentro do ônibus. Olha bem isso!
Levantei, pedi licença bem alto, porque as poucas pessoas dentro do ônibus já olhavam, curiosas, para o fundo do coletivo, saí dali do canto e sente em outro banco. Na janela, que mantive fechada durante todo o trajeto.
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