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    sexta-feira, maio 16

    Zero km

    Ontem fui fazer meu teste ergométrico básico. O primeiro da minha vida. Confesso que estava tensa, apesar das aulas de spinning. Afinal, elas não serviram quase nada para as caminhadas quilométricas sobre pedras no arquipélago de Fernando de Noronha...

    E se eu não agüentasse? E se eu pagasse um micão? Tava um entra-e-sai de velhinho... foda. Todos suadinhos, com a cara vermelha, esbaforidos. Na tela de LCD da sala de espera, um vídeo da família Custeau no Mississípi parecia não ter fim...

    Isso porque aquele que seria apenas um teste de esforço se transformou num verdadeiro teste de paciência. Deve ser algum sinal divino, sei lá. A boa notícia é que resisti bravamente. Em todos os sentidos — ou quase todos.

    Foi uma espera longa. Muuuuito longa. O bendito, que estava marcado para as 11h20, só foi acontecer, efetivamente, às 12h50. Em ponto; assim, redondinho. E toma de Jacques e Jean-Michael Custeau nas idéias. E nem dava para encarar o passatempo como um banho cultural porque, pelas roupitchas, aquele documentário deve ter sido feito, no mínimo, no fim dos anos 1980...

    Mesmo com o indicativo de bradicardia no eletrocardiograma, correu tudo bem em cima da esteira. Correu mesmo. Tava tudo muito bom, tudo muito bem. Nos quatro primeiros minutos. A máquina acelera sozinha. Quando se dá conta, a caminhada em ritmo acelerado já passou do trote para uma corridinha leve. Aí fode tudo. Ao mesmo tempo em que a corrida passa a atingir uns 9 a 10 km (pelo menos para mim, um ritmo forte), a vaca da mulher, que mediu minha pressão arterial só duas vezes (achei pouco... e se eu tivesse um treco ali???), começou a inclinar perigosamente a porra da esteira.

    Fui de joelheira, lógico. Mas a bicheira logo deu sinal de vida. Mau sinal.

    No início do teste, um aviso: "Se você sentir qualquer coisa — tontura, palpitação, dor no peito, dor de cabeça —, informe". Ela não contava com outros problemas. Falta de perspicácia, já que eu estava de joelheira!

    — Ó só... meu joelho tá doendo...
    — Mas tá doendo muito? É suportável? São só mais dois minutinhos.
    — Só pra você. Dói o suficiente... Em dois minutos vai ter de buscar uma cadeira de rodas pra me tirar daqui!

    A filha da puta só diminuiu a inclinação. Tive a impressão de ter visto um risinho sádico no canto da boca. Porra, o que ela queria? Testar a potência da máquina comigo?! A outra já tava quebrada, caralho. Por que ela não tenta matar um velhinho?! Acho até que aumentou a velocidade antes de terminar o teste...
    ****
    Achei o tal do CDPI do Leblon uma zona. Tudo bem, era uma Zona Sul, mas a ostentação não compensa o castigo de esperar aquele tempo todo. Porra, o lugar tem duas esteiras para fazer teste ergométrico e, justo no dia em que vou fazer o meu, uma quebra. Eles deram a "opção" de remarcar o exame... para 29 de junho!

    Óbvio que a maioria preferiu esperar horas, a mais de um mês...
    ****
    Adorei tirar onda, de óculos escuros e roupinha de gisnástica, caminhando pela Ataulfo!

    Manoel Carlos puro!
    ****
    A volta à realidade (no ponto do ônibus) foi dura.

    Ainda tive de ver uma velhinha quase ser esmagada pela porta de um ônibus (linha 415), que se soltou completamente na mão dela quando subia no veículo.

    Sorte foi ter um despachante atento logo atrás dela, que segurou o peso para a senhorinha não se machucar. O motorista é que deve ter gostado — esvaziou o carro e rumou para a garagem; economizou umas viagens no dia.
    ****
    Nem suei...
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    Item Reviewed: Zero km Rating: 5 Reviewed By: Debora
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