Quando ela viu, tava frente a frente com o sujeito que, há muito, sequer povoava seus sonhos. Lógico, amaldiçoou a preguiça da manhã chuvosa que a fez pegar qualquer roupa para trabalhar e mandar o visagismo pro cacete. Enquanto era abraçada pelo seu passado, pensava:
— Ah, que merda... logo hoje que eu tô com essa roupinha que não me favorece, logo hoje que eu não passei nem um batonzinho, logo hoje que eu prendi o cabelo nesse rabo-de-cavalo infantilóide!
Compreensível, pensei. Também tenho meu passado e não gostaria que isso acontecesse comigo. Muito difícil ser mulher... Bem, vamos aos detalhes do encontro, que pode servir como um serviço de utilidade pública para leitoras que apostam sua vida na escova progressiva.
* Mesmo depois de anos-luz, o sistema nervoso simpático é acionado de imediato. Segundo relato, o abraço do reencontro precisou ser interrompido: "Fiquei com medo que ele ouvisse meus batimentos cardíacos aceleradaços!". Bom demais, isso...
* O tempo passa, o tempo voa, homens são sempre homens. Os canalhas, principalmente, não mudam nadica de nada. A primeira pergunta do cara: "E aí, como você está? Casada?". Infalível...
* Boa notícia: o sistema nervoso parassimpático agiu rápido. Ela superou as etapas do rosto quente, das mãos geladas e dos pés suados. Merece palmas!
* Visagismo (ou falta dele) à parte, o tempo foi generoso com a nossa personagem. Longe de ser modelo de beldade, ela está "muito bem, obrigada". Conversando comigo, disse que entendeu o verdadeiro significado de estar amadurecida. E gostou. Afinal, ouviu do "cara": "Nossa, você está a mesma coisa, o mesmo jeito, o mesmo rosto; parece que não passou nem um dia!". U-hu! ponto pra ela!!!!
* Pra ganhar o 10: geeeeeente, acreditem, ela jurou de pé junto que a iniciativa de seguir em frente partiu dela!!!!! Isso depois de uma meia hora de papo furado, em pé, no meio da rua, sob ameaça de chuva. Coisa impensável anos atrás. Amiga, tô orgulhosa... quando crescer, quero ser igualzinha a você!
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